segunda-feira, 8 de setembro de 2014

SERRA DA CAPIVARA - ARTE DIGITAL


Em Janeiro de 2014 fui ao Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. As formações rochosas, vales, veredas e grotões, em meio à caatinga, juntamente com as inscrições rupestres dos habitantes mais antigos das Américas, me conduziram a um estado de arrebatamento. Conforme Pessis (2013), as primeiras inscrições datam, aproximadamente, de 12.000 anos. Essas inscrições se distribuem por todo o Parque e representam temas ligados à rituais religiosos, caça, lutas, atos sexuais e outros. Fiquei tocado pela maneira de como os desenhos e as pinturas são construídos de forma sintética e minimal, com alto grau de expressividade, noção de movimento e, em alguns casos, de profundidade. O acervo rupestre da Serra da Capivara torna evidente as habilidades desenvolvidas no que diz respeito à representação do mundo e ao desenvolvimento de técnicas para esta representação. Enfim, os desenhos nos trazem experiências relativas ao cotidiano desses homens pré-históricos e algumas de suas inquietações que ainda hoje nos habitam. Em inúmeros sítios arqueológicos encontram-se desenhos superpostos, executados em diferentes datações, com intervalos de até 6.000 anos. As paredes, portanto, aparecem, nesses casos, como espécies de palimpsestos, contribuindo para a ambiguidade de possíveis interpretações. A técnica e os modos de representação empregados por esses homens; as temáticas que abordam suas inquietações; a ambiguidade dos registros; e o encantamento causado pela exuberância da natureza e redimensionado pelo acervo rupestre, me levaram a elaborar uma série de trabalhos inspirados nas inscrições do Parque. De modo metalinguístico, os desenhos e as pinturas rupestres são o tema que desenvolvo nestes trabalhos. A série proposta busca estabelecer um diálogo formal-temático e, ao mesmo tempo, um confronto técnico-material com a arte rupestre da Serra da Capivara.  Por um lado, busquei, a partir da recriação, uma aproximação-apropriação dos temas e dos modos de fazer (formas) utilizados pelos "artistas" pré-históricos, privilegiando as características sintéticas e minimais dos desenhos e pinturas. Por outro lado, à medida que utilizei um tablet para executar as obras, procurei tecer um contraste relativo aos materiais técnicos empregados na contemporaneidade e os empregados há 12.000 anos, levando em consideração a ressignificação, na medida que ao introduzirmos todo o nosso repertório de conhecimento, adquirido no decorrer de milênios, produzimos novos sentidos a essas releituras e às próprias inscrições que serviram de fonte e inspiração para elas. Os modos rudimentares empregados pelos "artistas" pré-históricos são retomados em minha produção (embora eu tenha utilizado uma plataforma digital), visto que usei apenas os dedos para executá-la. A exposição, além de proporcionar ressignificações no campo estético, contribui para a divulgação do Parque da Serra da Capivara, um dos lugares mais importantes do mundo no que diz respeito à Arte Rupestre.

 ArtRage para IPad
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